quinta-feira, 2 de julho de 2020

CITAÇÕES DE PLATINA [LX]



«Na Revolução Francesa, Robespierre, o instigador do Terror, acabou por ser uma das suas vítimas. No Grande Terror da Revolução Russa, pelo contrário, o principal terrorista, Estaline, sobreviveu incólume.»
Sheila Fitzpatrick
COMENTÁRIO
Ao tempo cabe sempre, em verdade, a última palavra. No centenário da Tomada da Bastilha, ergueu‑se, em sua memória, a Torre Eiffel. (Paris e o mundo renderam‑se‑lhe.) Em 2017, cem anos depois do Assalto ao Palácio de Inverno, a Rússia cala‑se. Já sob a bandeira tricolor, porém, ainda resta (até quando?) uma relíquia que lembra o culto estalinista da personalidade: a múmia de Lenine. Deste homem, precisamente, ainda hoje se discute o legado revolucionário (cf. p. 209): terá sido Estaline o seu lídimo herdeiro — ou o implacável traidor das promessas de Outubro? A morte precoce de Ulianov (o verdadeiro nome de Lenine) retirou‑nos a possibilidade, enfim, de resolver um dos maiores dilemas da História da Humanidade. Mas sabemos algo, pelo menos, cujo esquecimento é um crime hermenêutico: o testamento político desse amante de sonatas beethovénicas reserva, de facto, para Estaline, um retrato muito pouco amável. Numa linguagem parca e crua, Lenine regista para a posteridade, é certo, que se trata de alguém por de mais «grosseiro» (cf. p. 194) para exercer o cargo de Secretário‑Geral do Partido Comunista.
Eurico de Carvalho
P.S. — Susana Sousa e Silva parece desconhecer a diferença entre «quando» e «aquando». Aliás, são vários os seus pecadilhos linguísticos, mas seria fastidioso trazê‑los aqui à colação. Impõe‑se, todavia, a presente advertência, porque estamos perante um erro primário.

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