FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO POR ESCREVER [IX]
À janela de um bar solitário, quando o rebanho de rodas regressa bovinamente a casa, vejo o mar como uma fita muito fina de prata suja. Tento ler as últimas linhas de um romance espanhol. Enquanto antecipo o sorriso da empregada de mesa, adio o fim da leitura. (Parece‑me um crime terminá‑la.) Peço uma água sem gás e um café. Com todo esse jeito único que tenho para chocar com as coisas, como se as mãos se libertassem do dono sem pedir licença, entornei a parte quente do pedido. Pedi‑lhe desculpa. E ela, misturando eficiência e graça, fez do pano com que limpou o tampo o prolongamento de um Sol incapaz de se pôr debaixo das vagas.
Eurico de Carvalho
Etiquetas: PROSA
1 Leituras da Montr@:
Pois é! O eterno problema com essas mãos que se descontrolam, que se libertam, de vez em quando, sem pedir autorização!Mas não há mal, já faz parte do teu encanto natural!...
Beijocas
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