FRAGMENTOS DE UM DIÁRIO POR ESCREVER [XI]
Sei de um pássaro que não larga a janela da vizinha do terceiro andar. Não lhe conheço a espécie. Ignorância minha. Das suas asas pretas, porém, liberta‑se qualquer coisa que me lembra perigosamente a liberdade. De ver a vizinha? Ó leitor, se ainda fosse cínico, talvez dissesse que sim. Mas deu‑me esta vontade imberbe (perdoai‑me, Senhor!) de ser o melhor vate das varandas de Vila do Conde. Não paga imposto o devaneio. Traz‑me unicamente ao colo dos sonetos a concorrência dos lençóis de linho da mulher do pássaro. E nem sequer parece que ela seja bonita.
Eurico de Carvalho
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