terça-feira, 29 de janeiro de 2019

CONFERÊNCIA DE 12 DE DEZEMBRO DE 2018




«ESTÉTICA, POLÍTICA E ARTES — 6º Seminário Aberto de Investigação (2018)».  —  No âmbito deste encontro, pronunciei, no dia 12 de dezembro, pelas 14h45, na Sala 2 de Reuniões da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a comunicação que se segue: DE PLATÃO A GUY DEBORD: APROXIMAÇÕES, DESVIOS E OPOSIÇÕES (2500 ANOS DE PENSAMENTO ESTÉTICO‑POLÍTICO).

Para os leitores desta Montr@, aqui fica o resumo da minha intervenção:

Em 12 de abril de 2007, ou seja, há quase doze anos, Jacques Rancière, um dos poucos filósofos contemporâneos que abordaram seriamente a obra de Guy Debord, pronunciou — em Serralves — uma conferência cujo título merece ser lembrado, a saber: «As desventuras do pensamento crítico.» Além da sua designação, no entanto, interessa‑nos particularmente um certo passo da palestra. Nele enuncia‑se efetivamente, e a propósito do opus magnum de Guy Debord, a seguinte comparação: «A situação daqueles que vivem na sociedade do espetáculo é comparável à dos prisioneiros da caverna de Platão.» Impõe‑se, então, a questão: «Até que ponto é mesmo assim?»
A tentativa de resposta a tal pergunta vai ser o ponto de partida para superar a eventual estranheza do título da nossa comunicação. Que aqui os dois filósofos sejam alfa e ómega de uma tradição intelectual, isso explica‑se simplesmente por ser evidente que, no que diz respeito à reflexão sobre as relações entre a arte e a cidade, tanto um como outro apresentam versões antipodais. Enquanto Platão assume a existência de uma incompatibilidade estrutural entre a expressão artística e a organização ideal da cidade, expulsando‑a, por conseguinte, do seu seio, Guy Debord, por seu turno, postula a realização coletiva da arte como a própria encarnação da vivência autêntica de uma comunidade política. Em ambos manifesta‑se, contudo, ainda que de uma forma idiossincrática, o mesmo desprezo pela vivência vicariante e, por consequência, a paixão pela autenticidade.
Assim sendo, o nosso roteiro há de envolver não só oposições, mas também certos desvios e algumas aproximações entre Platão e Guy Debord.

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