CONFERÊNCIA DE 12 DE DEZEMBRO DE 2018
«ESTÉTICA, POLÍTICA E ARTES — 6º Seminário Aberto de Investigação (2018)». — No âmbito
deste encontro, pronunciei, no dia 12 de dezembro, pelas 14h45, na Sala 2 de
Reuniões da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a comunicação que se
segue: DE PLATÃO A GUY DEBORD:
APROXIMAÇÕES, DESVIOS E OPOSIÇÕES (2500
ANOS DE PENSAMENTO ESTÉTICO‑POLÍTICO).
Para os leitores
desta Montr@, aqui fica o resumo da minha intervenção:
Em 12 de abril de 2007, ou
seja, há quase doze anos, Jacques Rancière, um dos poucos filósofos
contemporâneos que abordaram seriamente a obra de Guy Debord, pronunciou — em
Serralves — uma conferência cujo título merece ser lembrado, a saber: «As
desventuras do pensamento crítico.» Além da sua designação, no entanto,
interessa‑nos particularmente um certo passo da palestra. Nele enuncia‑se
efetivamente, e a propósito do opus
magnum de Guy Debord, a seguinte comparação: «A situação daqueles que vivem
na sociedade do espetáculo é comparável à dos prisioneiros da caverna de
Platão.» Impõe‑se, então, a questão: «Até que ponto é mesmo assim?»
A tentativa de resposta a
tal pergunta vai ser o ponto de partida para superar a eventual estranheza do
título da nossa comunicação. Que aqui os dois filósofos sejam alfa e ómega de
uma tradição intelectual, isso explica‑se simplesmente por ser evidente que, no
que diz respeito à reflexão sobre as relações entre a arte e a cidade, tanto um
como outro apresentam versões antipodais. Enquanto Platão assume a existência
de uma incompatibilidade estrutural entre a expressão artística e a organização
ideal da cidade, expulsando‑a, por conseguinte, do seu seio, Guy Debord, por
seu turno, postula a realização coletiva da arte como a própria encarnação da
vivência autêntica de uma comunidade política. Em ambos manifesta‑se, contudo,
ainda que de uma forma idiossincrática, o mesmo desprezo pela vivência
vicariante e, por consequência, a paixão pela autenticidade.
Assim sendo, o nosso
roteiro há de envolver não só oposições, mas também certos desvios e algumas aproximações
entre Platão e Guy Debord.
Etiquetas: CONFERÊNCIA, Guy Debord
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