sábado, 25 de fevereiro de 2006

O LIVRO E A FLOR


«E estás em mim como a flor na ideia

e o livro no espaço triste.»

H. H.

.

Agora que te encontrei, ó mulher tão alta como o destino,

quero — ao relento que estou —

morar eternamente em ti,

ter-me sempre junto à tua porta.


Ainda que te guardes de abri-la

e longe permaneças no céu,

pura abstracção,

flor por florir,

não importa: ter-me-ás à tua porta.


E se ela algures se fizer abertura

p’la qual irrompa a dif’rença e cresça a terra,

não te esqueças nunca: encontrar-me-ás alegre,

leitor de um livro que agora escrevo no espaço triste.

Eurico de Carvalho


Poema publicado em Setembro de 2004

no jornal «O Tecto» de Vila do Conde

(Ano XVI: N.º 46). Cf. página 11.

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