quinta-feira, 15 de junho de 2006

Sei Lá, Talvez à Memória de Ricardo Reis


Igual à flor do mais incógnito regato,

Por onde ande com vagar

Aquele nemoral silêncio de antes

De os deuses o serem em nome…


Ao rio igual e cioso da água leve que traz,

Leve de sede que a hora tarda

Ao mar de encontro inquieto de espera

Surda e líquida demora…


E igual à ave em demasia volucre creio,

Ave imensa de namoro

Nos picos longínquos da geral memória

Havida em tempo…


E à flor igual, e à ave e ao rio que corre,

Se remando o poema

De uma igualdade de gardénias, o quase

Dizer diferente…


Eurico de Carvalho

In JN, «Página da Juventude»: 21/06/86.

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