Sei Lá, Talvez à Memória de Ricardo Reis
Igual à flor do mais incógnito regato,
Por onde ande com vagar
Aquele nemoral silêncio de antes
De os deuses o serem em nome…
Ao rio igual e cioso da água leve que traz,
Leve de sede que a hora tarda
Ao mar de encontro inquieto de espera
Surda e líquida demora…
E igual à ave em demasia volucre creio,
Ave imensa de namoro
Nos picos longínquos da geral memória
Havida em tempo…
E à flor igual, e à ave e ao rio que corre,
Se remando o poema
De uma igualdade de gardénias, o quase
Dizer diferente…
Eurico de Carvalho
In JN, «Página da Juventude»: 21/06/86.
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