sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

LEONOR

Calçada vai para a rua
Leonor pelo asfalto...
Vai cansada e não segura
por mor de um tacão alto.

Na testa não leva nada,
mas nas mãos vai prevenida...
Que sida há muita, coitada!
— «Leonor, mulher da vida!»

Vai cansada e não segura
na rua nova a Leonor...
Mais branca que a cal pura,
pôs um preço no amor!

Descobre-lhe o seio a blusa,
mais agudo que adaga.
«Soutien?» Safa! Não usa
por mor de quem lhe paga.

Calçada vai para a rua
Leonor pelo asfalto...
Vai depressa e mui segura
por mor de um preço alto!



Eurico de Carvalho

In «O Tecto»,

Ano X, n.º 60,

Fevereiro/2008, pág. 4.

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6 Leituras da Montr@:

Anonymous Anónimo disse...

Eis que o buraco da rua
Lhe prende o alto tacão.
Fica Leonor a chorar,
Ficam os filhos sem pão.

12:57 da tarde  
Blogger Eurico de Carvalho disse...

Quem será a Leonor? Aceitam-se apostas!

5:27 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Quanto vale um nome?

11:48 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Por vezes, pelo seu peso histórico, pode significar todo um destino inultrapassável, sob o qual, e para sempre, se há-de encerrar a grandeza da individualidade da pessoa.

2:57 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

A grandeza da individualidade nasce da luta que trava com o destino, pela sua própria história.

11:18 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Admirável Leonor! Também domina a dialéctica!

11:49 da manhã  

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