LEONOR
Calçada vai para a rua
Leonor pelo asfalto...
Vai cansada e não segura
por mor de um tacão alto.
Na testa não leva nada,
mas nas mãos vai prevenida...
Que sida há muita, coitada!
— «Leonor, mulher da vida!»
Vai cansada e não segura
na rua nova a Leonor...
Mais branca que a cal pura,
pôs um preço no amor!
Descobre-lhe o seio a blusa,
mais agudo que adaga.
«Soutien?» Safa! Não usa
por mor de quem lhe paga.
Calçada vai para a rua
Leonor pelo asfalto...
Vai depressa e mui segura
por mor de um preço alto!
Eurico de Carvalho
Leonor pelo asfalto...
Vai cansada e não segura
por mor de um tacão alto.
Na testa não leva nada,
mas nas mãos vai prevenida...
Que sida há muita, coitada!
— «Leonor, mulher da vida!»
Vai cansada e não segura
na rua nova a Leonor...
Mais branca que a cal pura,
pôs um preço no amor!
Descobre-lhe o seio a blusa,
mais agudo que adaga.
«Soutien?» Safa! Não usa
por mor de quem lhe paga.
Calçada vai para a rua
Leonor pelo asfalto...
Vai depressa e mui segura
por mor de um preço alto!
Eurico de Carvalho
In «O Tecto»,
Ano X, n.º 60,
Fevereiro/2008, pág. 4.Etiquetas: POESIA
6 Leituras da Montr@:
Eis que o buraco da rua
Lhe prende o alto tacão.
Fica Leonor a chorar,
Ficam os filhos sem pão.
Quem será a Leonor? Aceitam-se apostas!
Quanto vale um nome?
Por vezes, pelo seu peso histórico, pode significar todo um destino inultrapassável, sob o qual, e para sempre, se há-de encerrar a grandeza da individualidade da pessoa.
A grandeza da individualidade nasce da luta que trava com o destino, pela sua própria história.
Admirável Leonor! Também domina a dialéctica!
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