DESABAFOS [III]
Portugal, que em Abril quis ter a tripla liberdade de seu nome escrever com a quarta letra do alfabeto, voltou a ser o país dos três salazarentos efes: Fado, Fátima e Futebol, pela ordem crescente do respectivo impacto mediático. E não temos nós na Presidência da República, por obra e graça de um zé‑povinho amnésico, alguém que lembra — pelo perfil seco, austero e provinciano — aquele cujo nome Pessoa soube desmembrar em termos de sal e azar? Será que nunca seremos senão aquilo que sempre fomos? Ah, sim, razão tinha o O’Neill: «Ó Portugal, se fosses só três sílabas, / linda vista para o mar, / Minho verde, Algarve de cal, / [...] ó Portugal, se fosses só três sílabas / de plástico, que era mais barato!»
Eurico de Carvalho
In «O Tecto»,
Ano XVIII, n.º 54,
Julho/2006, pág. 2.
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