VALE A PENA VER [I]
Um Filme de Paul Haggis
Colisão. De quê? Dos medos. Mais do que raças, classes e carros que entre si colidem, temos neste filme a desmontagem da demonização do outro. Aqui se encontra o verdadeiro motor da intriga, que assim reduz a acção às reacções das personagens. Multiplicam‑se as sequências de equívocos, cuja garantia de fluidez narrativa assenta, tecnicamente falando, no uso engenhoso do «faux raccord». Mas os créditos do protagonismo cabem tão‑somente a Los Angeles, cidade de anjos e demónios, todos eles, claro está, devidamente motorizados. Apesar das aparências, porém, não se trata de uma fita a preto‑e‑branco. Eis, sem dúvida, dada a sua recusa da linguagem de panfleto, a subtilíssima lição de Crash (2005).
Eurico de Carvalho
In «O Tecto»,
Ano XVIII, n.º 54,
Julho/2006, pág. 2.
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