SONETO [IV]
SOMNIUM
Meu sonho é flecha suspensa no ar
que respiras. Quem retesou o arco?
Um deus que tarda. E então embarco
em busca de outro sul por lumiar
ou de um pássaro sem terra. Não, parco
não sou: mil palavras lanço ao mar.
Todo o oceano ruge! Ouso gritar
por ti — e voam peixes para o barco.
Ei-los: cardumes de sílabas tontas.
Laço‑as: delas faço frase marinha,
pulseira de prata e muitas contas.
(Deste lado do sono um deus caminha.)
E se eu salgo o verbo, tu vês e apontas
o norte. (Enquanto sonho és minha.)
Eurico de Carvalho
In «O Tecto»,
Ano XIII, n.º 33,
Julho/2001.
Etiquetas: POESIA
2 Leituras da Montr@:
Bonito este poema com imagens sugestivas muito bem conseguidas!
um beijo e bom fim de semana
Agradeço-lhe o elogio... Espero que aprecie também os poemas restantes... Um bom Domingo!
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