quinta-feira, 27 de abril de 2006

SONETO [IV]

SOMNIUM


Meu sonho é flecha suspensa no ar

que respiras. Quem retesou o arco?

Um deus que tarda. E então embarco

em busca de outro sul por lumiar


ou de um pássaro sem terra. Não, parco

não sou: mil palavras lanço ao mar.

Todo o oceano ruge! Ouso gritar

por ti — e voam peixes para o barco.


Ei-los: cardumes de sílabas tontas.

Laço‑as: delas faço frase marinha,

pulseira de prata e muitas contas.


(Deste lado do sono um deus caminha.)

E se eu salgo o verbo, tu vês e apontas

o norte. (Enquanto sonho és minha.)


Eurico de Carvalho

In «O Tecto»,

Ano XIII, n.º 33,

Julho/2001.

Etiquetas:

2 Leituras da Montr@:

Blogger Pink disse...

Bonito este poema com imagens sugestivas muito bem conseguidas!

um beijo e bom fim de semana

5:23 da tarde  
Blogger Eurico de Carvalho disse...

Agradeço-lhe o elogio... Espero que aprecie também os poemas restantes... Um bom Domingo!

6:16 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home