sábado, 13 de maio de 2006

SONETO [VI]

PORTRAIT OF A LADY [I]


Ei‑la! Como dizê‑la em movimento?

Lembra, quando anda, ágil, felina,

um jeito animal que não se ensina,

uma alma feliz por ser alento.


Ei‑la: ninfa à solta — e não menina.

Correndo p’lo verso — bosque qu’invento —,

imagino‑a presa de um fauno lento

que por ela a liberdade declina.


Ei‑la… A ela devo o favor da Lua.

E se lhe falo, a água, que é tanta!,

Em mim se faz maré e insinua…


Ei‑la!
Que se cale já quem a canta!

Não é o verso o seu lugar, mas a rua,

que dela, além da flor, quero a planta!


Eurico de Carvalho

In «O Tecto»,

Ano XII, n.º 25,

Janeiro/2000, pág. 8.

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