domingo, 2 de julho de 2006

OUTUBRO


Enlaçando o Sol a Lua sobre a pele

das videiras de Outubro (altaneira ave branca

de tantas noites sem nome), solta-se

em ti, mulher, todo o mel: rio maior, já manso,

que escorre lume lento e basto

por entre beijos e vinho novo.

E enquanto como o pão doce que me deste

— de milho de girassol, áurea flor —

nossa mesa semelha simplesmente o altar

de algum deus muito limpo que há-de vir.




EURICO DE CARVALHO

In «O Tecto»,

Ano XIV, n.º 38,

Outubro/2002, pág. 7.

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