sábado, 14 de outubro de 2006

PORTO


Este poema de pedras de granito

— rima inefável com grito


O silêncio podre de ruas estreitas

só de ódio


As almas de revolta morta

sufocada

em trapos de gordura às sopas

do jantar refeito indo (de véspera)

de esmolas engolidas à pressa

de esquecer (em seco)


Os cabelos sujos perenes de vento

solto: sustento de nojos jamais

consentidos


E mais carnes de canhões levantados

da ferrugem


Este Porto de granito apenas

nos consente auroras de névoa rota

— rota de lágrimas de gritos

calados na caída boca (de medo)


Este poema de perdas de granito


Eurico de Carvalho

In JN, «Página da Juventude»: 2/III/85.

1 Leituras da Montr@:

Blogger esse disse...

Olá!
Gostei bastante do poema, principalmente do jogo de palavras no final "pedra"/"perda", o que me leva a pensar que talvez não seja simplesmente um poema d'engagement social...
Beijinho

4:30 da manhã  

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