PORTO
Este poema de pedras de granito
— rima inefável com grito
O silêncio podre de ruas estreitas
só de ódio
As almas de revolta morta
sufocada
em trapos de gordura às sopas
do jantar refeito indo (de véspera)
de esmolas engolidas à pressa
de esquecer (em seco)
Os cabelos sujos perenes de vento
solto: sustento de nojos jamais
consentidos
E mais carnes de canhões levantados
da ferrugem
Este Porto de granito apenas
nos consente auroras de névoa rota
— rota de lágrimas de gritos
calados na caída boca (de medo)
Este poema de perdas de granito
Eurico de Carvalho
In JN, «Página da Juventude»: 2/III/85.
1 Leituras da Montr@:
Olá!
Gostei bastante do poema, principalmente do jogo de palavras no final "pedra"/"perda", o que me leva a pensar que talvez não seja simplesmente um poema d'engagement social...
Beijinho
Enviar um comentário
<< Home