segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CONFERÊNCIA DE 14 DE DEZEMBRO DE 2011

  
  «ESTÉTICA, POLÍTICA E ARTES — Seminário Aberto de Investigação (2011)». No âmbito deste encontro, vou pronunciar, na próxima quarta‑feira, pelas 15h, no Anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a comunicação que se segue: Guy Debord e a Modernidade — Em Diálogo com Adorno e Habermas.

 
Para os leitores desta Montr@, aqui fica o resumo da minha intervenção:
Qual albergue espanhol dos filósofos e artistas do século transato, a ideia de modernidade, que se furta a uma definição explícita, tem dado corpo a múltiplas vestes e pontos de vista, cuja convivência, de resto, só pode ser polémica. Ora, ainda que não tenhamos como fito último o seu saneamento, impõe‑se, pelo menos, a urgência de um exercício de clarificação conceptual. Fá‑lo‑emos, aliás, como se deduz do título da nossa conferência, com o objetivo de situar a posição intelectual de Guy Debord.
Mas o que hoje se entende por modernidade, como é sabido, ganha inicialmente substância a partir de uma reflexão estética. Baudelaire concebe‑a, em boa verdade, sob o ponto de vista da experiência do tempo, como o flanco transitório da arte, que se configura, por outro lado, como a porta de acesso à sua essência imutável. Por isso, o que há de moderno na obra artística passa por ser o brilho efémero do presente, ou seja, a beleza passageira da vida.
Pese embora a novidade da sua reflexão, Baudelaire não deixa de a conceber sob o paradigma da representação. Guy Debord, pelo contrário, radicalizando o impulso de modernização estética, clama pela beleza do futuro, a qual, além de ser fugaz, deve romper com o quadro mental da representação, sendo, consequentemente, uma beleza de situação. No que diz respeito a essa beleza, que se quer «provisória» e «vivida», coloca‑se a questão de saber em que medida ela significa, no quadro das vanguardas do século XX, um efetivo avanço relativamente às orientações programáticas dos surrealistas.


Eurico de Carvalho

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