A “BURROCRATIZAÇÃO” DO ENSINO
Enquanto o país se entretém com a
futura localização de um aeroporto que se tornou a imagem do desatino e da
incapacidade estrutural de decidir em tempo útil, esquecem‑se as más notícias
que ensombram a escola pública. Concomitantemente, quem queira servir‑se da pandemia
para relativizar os resultados negativos do desempenho internacional dos nossos
alunos — só pode ter em mente o eterno argumento do “coitadinho”.
Quando tudo gira em torno da
mediocridade, em nome da qual ganhou raízes o maior monstro burocrático e
legislativo de sempre, eis‑nos perante o Leviatã
que não suga apenas as energias dos melhores professores, mas também destrói a
sua dignidade profissional. Com que objectivo? A encenação de um “céu de papel”
que esconda a triste realidade da terra. Mas este ocultamento do “reino da
estupidez”, para nosso bem, não é totalmente estanque. E os sinais do desastre
educativo nacional estão à vista, de facto, não sendo já possível camuflá‑los
com o fogo‑de‑artifício dos recursos digitais e outros ilusionismos da era da
inteligência artificial.
Eurico de Carvalho
In Expresso, n.º 2 668 (15
de Dezembro de 2022), p. 33.
Etiquetas: CENA DIDÁCTICA
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