sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

A “BURROCRATIZAÇÃO” DO ENSINO

 


Enquanto o país se entretém com a futura localização de um aeroporto que se tornou a imagem do desatino e da incapacidade estrutural de decidir em tempo útil, esquecem‑se as más notícias que ensombram a escola pública. Concomitantemente, quem queira servir‑se da pandemia para relativizar os resultados negativos do desempenho internacional dos nossos alunos — só pode ter em mente o eterno argumento do “coitadinho”.

Quando tudo gira em torno da mediocridade, em nome da qual ganhou raízes o maior monstro burocrático e legislativo de sempre, eis‑nos perante o Leviatã que não suga apenas as energias dos melhores professores, mas também destrói a sua dignidade profissional. Com que objectivo? A encenação de um “céu de papel” que esconda a triste realidade da terra. Mas este ocultamento do “reino da estupidez”, para nosso bem, não é totalmente estanque. E os sinais do desastre educativo nacional estão à vista, de facto, não sendo já possível camuflá‑los com o fogo‑de‑artifício dos recursos digitais e outros ilusionismos da era da inteligência artificial.

 

Eurico de Carvalho

 

In Expresso, n.º 2 668 (15 de Dezembro de 2022), p. 33.

 

 

 

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