O ELOGIO DO LEITOR
Como
instrumento de intervenção cívica, o correio do leitor constitui certamente uma
arma insubstituível da democracia. Mas se esta não existe, de facto, sem uma
imprensa livre, impõe‑se o corolário de que a sua força também depende da
liberdade de expressão de quem lê. Ao escrever cartas para os jornais (sem garantia alguma, aliás, de que vejam a
luz do dia), o leitor transmuda‑se graciosamente num cidadão maior, cuja
voz não se esgota, portanto, de quatro em quatro anos, numa cruz num boletim de
voto. Além da urna (e da rua, porventura), cabe‑lhe um lugar sagrado: o púlpito
do homem comum. (Não o devemos confundir, claro está, com o esgoto a céu aberto
das redes sociais.) Bem haja o Público,
pois, por manter acesa a chama desse espaço, no qual se espelha a imensa paleta
republicana das cores do mundo!
Eurico de Carvalho
In Público, n.º 12 044 (22
de Abril de 2023), p. 16.
Etiquetas: POLÍTICA
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