quarta-feira, 1 de novembro de 2023

O ELOGIO DO LEITOR

 

Como instrumento de intervenção cívica, o correio do leitor constitui certamente uma arma insubstituível da democracia. Mas se esta não existe, de facto, sem uma imprensa livre, impõe‑se o corolário de que a sua força também depende da liberdade de expressão de quem lê. Ao escrever cartas para os jornais (sem garantia alguma, aliás, de que vejam a luz do dia), o leitor transmuda‑se graciosamente num cidadão maior, cuja voz não se esgota, portanto, de quatro em quatro anos, numa cruz num boletim de voto. Além da urna (e da rua, porventura), cabe‑lhe um lugar sagrado: o púlpito do homem comum. (Não o devemos confundir, claro está, com o esgoto a céu aberto das redes sociais.) Bem haja o Público, pois, por manter acesa a chama desse espaço, no qual se espelha a imensa paleta republicana das cores do mundo!

 

Eurico de Carvalho

 

In Público, n.º 12 044 (22 de Abril de 2023), p. 16.  

 

 


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