MANOBRAS DE NOVEMBRO
Com
o respaldo altissonante do crescimento europeu da extrema‑direita, abre‑se
espaço mediático para quem queira reescrever a História. É neste contexto
geopolítico que devemos entender a disputa simbólica — em
curso — em torno do 25
de Novembro. Todas as tentativas de pôr Abril à sua sombra foram fruto, como
sabemos bem, dos que nunca suportaram (com saudades salazarentas) o aroma dos
cravos. Mas hoje o atrevimento é maior… Aqueles que se apresentam como
paladinos do 25 de Novembro e da democracia pluralista vêem o Major Jaime Neves
como o seu “herói”. Falta‑lhes, porém, a memória do objectivo último de tal
personagem: a reimplantação de uma trave‑mestra da política repressiva do
Estado Novo, ou seja, a ilegalização do Partido Comunista.
No que diz
respeito à verdade histórica, o 25 de Novembro deve ser lembrado, antes, por
uma grande razão: a prevenção da guerra civil. Quanto ao resto, trata‑se de
puro oportunismo dos que sempre quiseram retirar do calendário o 25 de Abril.
Eurico de Carvalho
In Expresso, n.º 2 666 (1 de
Dezembro de 2022), p. 33.
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