sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

MANOBRAS DE NOVEMBRO

 


 

Com o respaldo altissonante do crescimento europeu da extrema‑direita, abre‑se espaço mediático para quem queira reescrever a História. É neste contexto geopolítico que devemos entender a disputa simbólica em curso — em torno do 25 de Novembro. Todas as tentativas de pôr Abril à sua sombra foram fruto, como sabemos bem, dos que nunca suportaram (com saudades salazarentas) o aroma dos cravos. Mas hoje o atrevimento é maior… Aqueles que se apresentam como paladinos do 25 de Novembro e da democracia pluralista vêem o Major Jaime Neves como o seu “herói”. Falta‑lhes, porém, a memória do objectivo último de tal personagem: a reimplantação de uma trave‑mestra da política repressiva do Estado Novo, ou seja, a ilegalização do Partido Comunista.

No que diz respeito à verdade histórica, o 25 de Novembro deve ser lembrado, antes, por uma grande razão: a prevenção da guerra civil. Quanto ao resto, trata‑se de puro oportunismo dos que sempre quiseram retirar do calendário o 25 de Abril.

 

Eurico de Carvalho

 

In Expresso, n.º 2 666 (1 de Dezembro de 2022), p. 33.

 


Etiquetas: ,

0 Leituras da Montr@:

Enviar um comentário

<< Home