sábado, 30 de dezembro de 2023

PELOURINHO DA LÍNGUA PORTUGUESA [XXXIV]

           Atentemos neste título: «Solidão aumenta em 50% o risco de demência» (Público, 18/11/23, p. 26). Onde está o erro? Aquele em está claramente a mais. Como aumentar significa o mesmo que acrescentar, a construção correcta dispensa a preposição. Por exemplo: «A solidão acrescenta 50% ao risco [preexistente] de demência.»

No corpo da notícia, além disso, temos uma frase infeliz: «A solidão transformou‑se numa pandemia à escala global […] (ibidem).» Como é óbvio, em pandemia, por força do seu radical grego (pan = tudo), já se encontra o sentido de global. Por outro lado, a recorrente expressão à escala de constitui um desnecessário galicismo, sendo, de facto, a imitação servil do francês «à l’échelle de». No caso de não se querer prescindir da palavra escala, diga‑se (conformemente a uma sugestão de Rodrigo de Sá Nogueira) na escala — em vez de à escala.

 

Eurico de Carvalho

 

 

 

 

 

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