SONETO [II]
ELA
«E se soltasses os cabelos?» — Ela
olhou‑me electricamente — e fê‑lo:
foi como se um gato de negro pêlo,
galante, se enroscasse p’la janela
da blusa. — E das luas o novelo,
já com rijas rosas cor de canela,
logo quis do amor ser sentinela
(sem decote que pudesse detê‑lo…).
Quando ela, dócil, roendo a maçã,
mostrando os dentes de um cruel marfim,
desafia a beleza em pleno divã…
— Juro ser marujo de um mar sem fim!
E eis que ela se inclina: solta o soutien,
graça mor que olhos meus… Baixei‑os, sim!
Eurico de Carvalho
Soneto publicado em Abril de 2002
no jornal «O Tecto» de Vila do Conde
(Ano XIV: N.º 36).
Etiquetas: POESIA
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