HABI(TABI)LIDADES
Vizinhas águas de vez meus olhos nacionais colonizam.
Águas, digo, de ideia antiga. Variantes corruptas a seguir
exaltam a imortal cegueira dos paraísos. Lunares, as orelhas
escutam-nos (dogmaticamente) em climas imprevistos,
sem que o burguês analfabeto, à luz ignóbil
da noite aberta a muito, dê por concluída
a leitura completa de vinte sonetos,
entre os quais se nomeavam
dizeres parecidos com incerta
alegria: história para miúdos odiosos.
Soberbos rapazes, entretanto, desenhavam espirais
inexperientes, pelo menos ao longe, no sítio do hábito,
junto do sexo — acho —, esse bicho estacionário,
com ruído de pássaros companheiro.
Enchiam também os bolsos ocultas influências
de lexemas resolutos,
e as bocas paradas confiavam no espanto.
Ou então: bem sei, pontapé
na gramática obscura das coisas.
(Nem por isso tinham casa
habitável.)
Eurico de Carvalho
In «O Tecto»,
Ano X, n.º 64,
Agosto/2009, pág. 6.
Etiquetas: POESIA
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